Você Sabe o que é o PIB?

Vamos imaginar que você mora em uma casa com mais nove pessoas.

Qual seria o Produto Interno Bruto dessa casa?

Os R$ 15.000,00.

E agora, qual seria o Produto Interno Bruto?

Seriam R$ 17.000,00.

Mas e a pessoa que cuida da organização dessa casa?

Por não gerar renda com essa atividade, o trabalho dessa pessoa não pode ser medido dentro do PIB da casa, ela trabalha de maneira informal. Em contra partida, a pessoa que produz e vende os bolos recebe uma renda que pode ser mensurada, logo ela entra para o cálculo da casa (a venda dos doces representa 12% do PIB).

Se houver distribuição da riqueza dentro da casa, cada um dos 10 receberia R$ 1.700,00, esse seria o PIB per capita.

Se não houver distribuição da riqueza, apenas 03 pessoas irão possuir toda a renda da casa e decidir como as outras irão viver.

Agora vamos imaginar isso dentro de um país, com milhares de pessoas vivendo e produzindo.

Assuntos econômicos e do mercado são avessos ao conhecimento da maioria das pessoas, muitas delas enxergam esses temas como algo avesso a sua própria realidade.

Mas na verdade os assuntos econômicos assim como estrutura macroeconômica do país está presente em quase tudo que fazemos durante o nosso dia a dia, todos estamos inseridos nele quer saibamos disso ou não.

Você acorda cedo todos os dias para ir trabalhar e gerar lucro para a sua empresa, faz compras no mercado, no shopping, paga suas faturas de água, energia elétrica e também utiliza serviços por assinatura, usa o celular e a televisão.

Tudo isso impacta diretamente no cenário econômico do seu país.

Cada um de nós é um pequeno agente econômico que somados representamos a realidade do país em que vivemos.

Se você compra uma grade de ovos no supermercado, esses ovos entram na soma total do PIB do país, se um padeiro compra ovos e farinha para produzir pão, somente o pão entra na conta do PIB.

Tudo que produzimos e movimentamos irá fazer parte do cálculo.

Em resumo é o número total que irá representar a nossa dinâmica econômica e nos informar se estamos crescendo ou regredindo economicamente.

Quando você lê em veículos de notícias que a economia do país está em recessão, isso quer dizer que estamos produzindo e movimentando menos bens e serviços em relação a períodos anteriores, e quando estamos em crescimento é porque estamos produzindo e consumindo de forma maior.

Essa medida é extremamente importante no entendimento da capacidade de um país de se desenvolver, gerar empregos e garantir estabilidade financeira aos seus cidadãos e empresas.

Através do PIB nós podemos avaliar se a gestão econômica de um governo é competente ou incompetente, podemos analisar quais medidas são efetivas para fortalecer uma economia e quais podem acarretar prejuízo em longo prazo.

Conseguir enxergar o funcionamento dessa medida é de extrema importância para que as pessoas possam eleger governantes competentes, ser contrárias a medidas da gestão econômica do país que possam gerar prejuízo ou instabilidade social.

Conhecer e saber interpretar os dados econômicos do seu país permitem que você se posicione como cidadão livre de influências dos discursos políticos de sempre.


O PIB permite entender:

  • Análise do Resultado do Crescimento Econômico;
  • Comparar o desenvolvimento de diferentes regiões do país evidenciando quais áreas precisam de maior investimentos e atenção;
  • Criar diagnósticos para recuperação ou fortalecimento;
  • Planos de prevenção às crises através de aprendizado com crises passadas;
  • Entender a posição do país em relação ao resto do mundo.

Com a análise do PIB é possível entender quais os setores produtivos estão em evidência no nosso país, e também enxergar quais setores estão em crise.

É extremamente efetivo para um país entender quanto de seu crescimento depende de uma indústria ou setor em questão, essa economia pode estar amarrada em pouquíssimos setores como o automobilístico ou agronegócio evidenciando assim que uma crise nesses setores podem custar o crescimento do país.

Entender quais os setores frágeis da nossa economia é um dos caminhos para criação de novas linhas de investimento e infraestrutura voltada a desenvolver negócios mais sólidos em outros setores.

Podemos ainda entender quais setores da nossa economia mais carecem de mão de obra qualificada.

Considere os setores abaixo:

  1. Setor Primário: aqui nós temos a faixa básica produtiva para um país poder existir, sua produção de insumos e alimentos. No setor primário encontramos a agricultura, a lavoura, a pecuária e a extração vegetal.
  2. Setor Secundário: nesse setor entram as transformadoras dos insumos coletados, ou seja, a indústria. Exemplo: Construção Civil, metalúrgicas, extração de minérios, vestuário, etc.
  3. Setor Terciário: aqui entram todos que não plantam e nem transformam mas que são uma parcela significativa da economia: os serviços. Lojas, Rádio e TV, Bancos, Seguradoras, Bares, Restaurantes, Hotéis, Manutenção, Administradoras, Saúde, Assistência, Escolas e Universidades, Igrejas e a Administração Pública em geral.

O Cálculo do Produto Interno Bruto

Podemos calcular o PIB partindo de 3 óticas diferentes:

  1. Produção: representa a soma de tudo que foi produzido no país em um determinado período de tempo, é importante salientar que aqui só entram os produtos e serviços finais entregues, ou seja, desconsideram-se os produtos intermediários: matérias primas e insumos, para evitar duplicidade na consideração e ter um valor mais real.
  2. Renda: aqui consideramos as remunerações – salários, juros, aluguéis, dividendos e lucros. A renda nacional RN equivale ao PIB pois a RN é a soma de todas as remunerações pagas aos que detêm os fatores de produção.
  3. Dispêndio: também chamado de despesa nacional e representa os gastos dos agentes econômicos. É feita uma análise de tudo que é consumido pelas famílias, pelo governo e pelas empresas, também são levadas em consideração as importações e exportações.

Em Resumo O Que é Levado em Consideração para calcular o PIB:

  • Bens e Produtos Finais, ou seja, os produtos que os consumidores levam para casa;
  • Serviços, ou seja, as atividades remuneradas que você paga para acessar;
  • Investimentos, ou seja, os gastos das empresas e do governo para aumentar a capacidade produtiva e a infraestrutura do país;
  • Gastos Governamentais, ou seja, os gastos que são revertidos em benefícios à população como saúde, educação e aposentadoria.

O Que Não é Levado em Consideração?

  • Informalidade: vendedores ambulantes, negócios caseiros, serviços que não geram nota fiscal e nem imposto;
  • Bens Intermediários: como dissemos lá em cima, os insumos e matérias prima extraídas pelo setor primário só irão entrar na conta quando forem convertidas em produto final;
  • Revendas: quando você compra um produto novo ele é considerado no cálculo do PIB daquele período, mas se você revender esse produto para outra pessoa ele não entra mais no cálculo. Isso vale para casas, apartamentos, feiras de veículos seminovos e etc.

Mercado Informal

O mercado informal, muitas vezes chamado de economia informal, geralmente não é incluído no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) de um país. O PIB é uma medida que avalia o valor total de bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de um país durante um período específico de tempo. Ele é projetado para capturar transações econômicas que ocorrem dentro do sistema formal da economia, ou seja, aquelas que são registradas, legalmente reconhecidas e tributadas pelo governo.

O mercado informal, por outro lado, é caracterizado por atividades econômicas que ocorrem fora do sistema formal. Isso inclui trabalhadores não registrados, negócios não licenciados e transações que não são relatadas ao governo. Como essas atividades não são registradas oficialmente, elas geralmente não são incluídas no cálculo do PIB.

Embora o mercado informal possa representar uma parte significativa da economia em alguns países, especialmente em economias em desenvolvimento, a falta de dados confiáveis e a natureza não registrada dessas atividades dificultam sua inclusão no PIB. No entanto, os economistas e pesquisadores podem estimar o tamanho do mercado informal usando métodos indiretos e estudos específicos.

É importante observar que, embora o mercado informal não seja incluído no cálculo do PIB, ele desempenha um papel na economia, fornecendo emprego e serviços, e pode ter impactos significativos nas condições econômicas e sociais de um país. Portanto, é importante compreender e monitorar essa parte da economia, mesmo que não seja refletida diretamente no PIB oficial.

PIB Per Capita

Total Riqueza Gerada / Habitantes do País

Em um cenário imaginário de distribuição igualitária da renda, que ainda é uma realidade bem distante do Brasil, se todo PIB produzido fosse dividido por toda população do país teríamos o PIB per capita, quanto do PIB cada cidadão do país receberia.

Portanto dizemos que o PIB Per Capita é uma medida que mensura o padrão de vida de uma região, afinal, quanto maior o PIB per capita maior é a renda de cada família.

Mas vale ressaltar que em países emergentes e em desenvolvimento é muito difícil medir a qualidade de vida das pessoas pelo PIB per capita, uma vez que existe uma distribuição de renda desigual, em outras palavras: poucas pessoas detêm a massiva maioria das riquezas geradas no país.

Maiores Economias do Planeta

Segundo o relatório 2022 do Banco Mundial esses são as 12 maiores PIB’s do planeta:

  1. Estados Unidos
  2. China
  3. Japão
  4. Alemanha
  5. Reino Unido
  6. França
  7. Índia
  8. Itália
  9. Brasil
  10. Canadá
  11. Coréia do Sul
  12. Rússia

Vivemos em um país gigante em questão territorial e extremamente rico de fontes de energia, matérias prima, ecossistemas e água potável, sem falar do clima favorável na maior parte do ano.

Tudo isso atua para manter o Brasil como uma potência regional e um país em desenvolvimento com grande potencial.

A capacidade produtiva do Brasil cresceu de forma acelerada do fim dos anos 90 para cá, em 1995 com um PIB estimado em 70 bilhões saltou para 6,83 trilhões em 2018.

É de extrema importância que os brasileiros consigam entender sua posição de destaque na economia mundial bem como a capacidade de manter esse número em crescimento, afinal, apesar de figurar entre as 10 maiores economias do planeta ainda temos um PIB per capita menor do que de países como México, Chile e Argentina.

PIB x Desigualdade Social e Pobreza

Na Irlanda ao dividir o Produto Interno Bruto pela quantidade de população, temos uma renda per capita de  US$ 99.013,38, uma das mais altas do planeta.

Isso significa que todo mundo na Irlanda vive com muito?

Naturalmente que não.

Lembra ali no começo do post com a nossa família onde 03 pessoas geravam renda e 07 pessoas não?

O PIB per capita daquela residência é de R$ 1.700,00, mas na realidade, 03 pessoas detém toda a riqueza da casa, ou seja, 30%.

Em um cenário como este não podemos dizer que existe prosperidade e igualdade para todas as pessoas ali dentro, uma vez a renda não chega para todas.

Quanto mais concentrada for a riqueza, mais pobreza existirá no país.

PIB per capita é uma métrica que calcula a renda média por pessoa em um país, dividindo o PIB total pela população.

Existem várias razões pelas quais o PIB per capita não reflete a distribuição de renda de forma precisa, o que significa que ele não reflete a riqueza de todas as pessoas da mesma maneira:

  1. Desigualdade de Renda: O PIB per capita não leva em consideração a desigualdade de renda. Em muitos países, a renda está concentrada nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto a maioria das pessoas ganha menos. Portanto, o PIB per capita pode parecer alto, mas a maioria das pessoas pode estar vivendo com uma renda consideravelmente menor.
  2. Distribuição de Riqueza: A riqueza de uma nação também depende de fatores como a distribuição de ativos, propriedades, investimentos e outros recursos. O PIB per capita não reflete esses aspectos da riqueza.
  3. Qualidade de Vida: A riqueza de uma pessoa não é determinada apenas pela sua renda, mas também pela qualidade de vida, acesso a serviços de saúde, educação, segurança, bem-estar social e outros fatores. O PIB per capita não captura todos esses aspectos.
  4. Variações Regionais: O PIB per capita não leva em consideração as disparidades regionais dentro de um país. Em alguns lugares, a riqueza pode ser muito maior do que em outras regiões do mesmo país, como por exemplo Norte x Sudeste.

Para obter uma compreensão mais completa da riqueza e do bem-estar de todas as pessoas em um país, é necessário considerar uma variedade de indicadores sociais, econômicos e de qualidade de vida, juntamente com a distribuição de renda e riqueza.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e outros indicadores são usados para complementar a avaliação do progresso econômico e social de uma nação.


Crescimento PIB Brasileiro por Década

Apresento aqui um compilado do desempenho do PIB em porcentagem de crescimento anual.

Através destes gráficos você pode analisar o desempenho do país ano a ano, consegue identificar quais foram os períodos de maior crescimento e os de recessão.

Note a diferença em observar os anos 1970, considerados uma década de “Milagre Econômico”, dos anos 1980, onde vivemos um período difícil de extremo desequilíbrio monetário.

Os anos 1960 foram caracterizados pela ditadura militar e rompimento do processo democrático.

Nesta década temos um cenário de economia mais fechada e protecionista, onde houve forte incentivo a industrialização e maior dependência de tecnologia externa.

Grandes investimentos no setor de transportes e energia foram realizados, mais importantes passos foram dados: criação de um Banco Central, reformas econômicas e bancárias, criação de Bancos de Investimento e direitos trabalhistas.

O Brasil continuou a experimentar um crescimento econômico significativo, impulsionado pela industrialização e pela exploração de commodities, como a soja e o minério de ferro.

Temos, em contra partida, um forte crescimento da dívida externa, devido ao aumento das taxas de juros internacionais e à queda dos preços das commodities, o que levaria a ajustes econômicos nas décadas seguintes.

No cenário mundial o aumento dos preços do petróleo na década de 1970, principalmente devido ao embargo árabe de 1973, teve um impacto significativo na economia brasileira, uma vez que o país era altamente dependente das importações de petróleo.

Conhecido como a “Década Perdida” por muitos economistas.

Um dos problemas mais significativos da década de 1980 no Brasil foi a hiperinflação. A inflação estava fora de controle, atingindo taxas mensais de até 80% e anuais de mais de 2.000% em alguns momentos. Isso prejudicou seriamente o poder de compra da população e tornou a vida econômica extremamente incerta.

A década de 1980 também foi marcada por uma transição política no Brasil. O país saiu de um regime militar e caminhou em direção à democracia. A Constituição de 1988 consolidou as bases democráticas do país.

Dificuldades na Indústria: A economia brasileira enfrentou dificuldades na década de 1980, com baixo crescimento, falta de investimentos e aumento do desemprego.

A indústria sofreu com altos custos de produção e falta de competitividade.

    O grande marco da década de 1990 no Brasil foi o lançamento do Plano Real em 1994. Esse plano representou um esforço bem-sucedido para controlar a hiperinflação que assolava o país na década anterior. O Real, como nova moeda, trouxe estabilidade e restaurou a confiança dos investidores e da população.

    A década de 1990 também viu um aumento na abertura econômica do Brasil. O país reduziu tarifas de importação e barreiras comerciais, incentivando o comércio internacional e a competição. Isso teve um impacto significativo em setores como manufatura e agricultura.

    O setor financeiro brasileiro cresceu consideravelmente durante a década de 1990, com o fortalecimento dos bancos e a expansão das instituições financeiras.

    Em 1995, o Brasil ingressou na Organização Mundial do Comércio (OMC), o que facilitou o comércio internacional e tornou o país mais integrado à economia global.

    Redução da Pobreza: Durante essa década, houve uma redução significativa da pobreza no Brasil, com milhões de pessoas ascendendo à classe média devido ao crescimento econômico e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

    Com o crescimento econômico e a melhora nas condições de vida, houve um aumento no mercado de consumo interno, impulsionando vários setores da economia, como o varejo, a indústria automobilística e a construção civil.

    Houve investimentos significativos em infraestrutura, incluindo a expansão da rede de rodovias, portos e aeroportos, como parte dos esforços para melhorar a logística e a competitividade do país.

    O setor financeiro no Brasil se expandiu e se fortaleceu durante os anos 2000, com maior acesso a crédito e desenvolvimento de produtos financeiros mais sofisticados.

    A década de 2010 começou com uma crise econômica global, que teve impacto no Brasil. A economia brasileira enfrentou dificuldades, com crescimento lento e aumento do desemprego nos primeiros anos da década.

    Em 2016, a presidente Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment e foi sucedida por Michel Temer. O novo governo implementou políticas de austeridade fiscal e reformas para tentar estabilizar a economia.

    Recessão Econômica: O Brasil passou por uma das piores recessões de sua história durante a década de 2010. A queda nos preços das commodities, a instabilidade política e a falta de confiança dos investidores contribuíram para a recessão.

    Apesar dos avanços econômicos, o Brasil continuou a enfrentar desafios sociais, incluindo altos níveis de desigualdade de renda, acesso limitado a serviços públicos de qualidade e problemas de segurança.