Investir em ações não precisa ser algo fora da sua realidade, na verdade, é muito mais acessível do que você imagina.
Em um país onde investir e poupar é algo fora da cultura da maioria das pessoas, o receio em adentrar esse tipo de investimento ainda é muito predominante.
As pessoas tem medo de fazê-lo.
Realmente é muito bom ter medo ao lidar com o mercado de renda variável, ele carrega um efeito colateral muito indigesto: risco de prejuízo, ao mesmo tempo que ele carrega um efeito muito prazeroso: ter alta lucratividade.
Estes são os dois extremos do mercado de renda variável, e se você pretende adentrar este mundo precisa se acostumar com o gosto agridoce dele.
Você não precisa ter nenhum receio em começar a investir nesse segmento, mas antes de sair por aí bancando o lobo de Wall Street e achar que sabe de tudo, você precisa ter algumas coisas em mente.
O que são ações?
Também podemos chamá-las simplesmente de papéis ou títulos.
Elas são pequenas cotas do capital de uma empresa SA (Sociedade Anônima), que emitem esses títulos para captar dinheiro no mercado financeiro onde qualquer pessoa pode comprar uma parte deles.
Existem as Ações Nominais, que oferecem participação nos resultados de uma companhia e também direito a voto em assembleia. E as Ações Preferenciais que oferecem a prioridade no recebimento de dividendos (distribuição de lucros), e de reembolso caso a empresa decida retirar os papéis da bolsa.
Essa última modalidade não dá direito a voto em assembleia.
Em resumo: você pode se tornar sócio de uma companhia ao comprar uma pequena fração dela.
Ações NÃO servem para reserva de emergência
Todo mundo precisa ter um fundo de emergência de fácil acesso.
Nós não podemos prever uma crise financeira, uma emergência médica ou mesmo a perda do emprego, então é preciso criar uma mentalidade onde você já esteja preparado para enfrentar algum período sem renda.
Especialistas recomendam que você tenha em reserva de emergência pelo menos o suficiente para se manter por 6 meses.
A realidade é um pouco mais dura do que essa recomendação, e, por isso, possuir 3 meses de renda guardados já pode ser considerado extremamente positivo.
Investir em renda variável um capital que pode ser necessário no curto ou médio prazo não é recomendado, uma vez que você arrisca seu dinheiro e pode ter prejuízos por precisar resgatar rapidamente. Para isso funcionar é preciso que o dinheiro esteja alocado em uma conta de baixo risco, como por exemplo no tesouro direto ou algum outro papel de renda fixa.
Dificilmente você se sentiria tentado a aplicar seu dinheiro em um banco ou corretora de nome duvidoso ou em ações de empresas duvidosas.
Isso seria um erro.
Alguns especialistas e investidores defendem que a compensação financeira pelo alto risco é válida, mas quando aplicamos esse conceito a pessoas de renda mais frágil podemos concluir que não é uma ideia muito inteligente.
Então a recomendação que fica aqui é: forme a sua reserva de emergência e depois aloque ela em um local seguro (não vale guardar no colchão).
No começo pode parecer que você está perdendo tempo ou então perdendo várias grandes oportunidades de lucro do mercado, mas na verdade você está sendo coerente e protegendo o seu dinheiro.
Dito isso, não significa que você não deva diversificar os seus investimentos e ficar preso na renda fixa para sempre, apenas entenda qual a sua realidade financeira antes de dar o próximo passo.
Qualquer um Pode (e deve) Investir
Começar a comprar ações na bolsa não possui segredo algum e muitos desses papéis são mais baratos que comprar um pastel na feira, mas não é por isso que você vai sair comprando tudo que ver sendo ofertado por aí.
Pense em quando você comprou a sua televisão nova ou seu último celular, certamente que você não pegou o primeiro aparelho que viu de qualquer marca, você provavelmente investiu algum tempo pesquisando modelos, lendo opiniões de outros consumidores ou mesmo fazendo testes em lojas físicas.
Talvez você conheça alguém que já comprou e te adiantou todos os pontos positivos e os negativos em comprar esse aparelho.
O mercado de ações não está muito longe disso.
Você encontra diversos títulos de todo tipo de empresa existente no país, pode gerar lucros recebendo dividendos periódicos, ou mesmo vender os papéis quando o preço deles subir gerando lucro sobre o preço inicial pago.
Esta tarefa não é fácil e o cenário econômico externo colabora para ajudar ou atrapalhar o crescimento destas empresas, por isso saliento a importância de estar atento aos segmentos e empresas que você alocar seu dinheiro.
O que importa no mercado de renda variável não são as promessas ou especulações, são os resultados das empresas.
Encontrando uma corretora
Assim como pesquisar sobre um produto, pesquisar sobre a corretora é um meio muito eficiente de não cair em nenhuma roubada.
Existem diversas boas corretoras operando no Brasil.
Para te ajudar nesta escolha acesse este artigo completo com algumas indicações minhas: Qual Corretora Escolher Para Começar a Investir?
O que Você Precisa ter em Mente:
Vamos ver algumas lições importantes ao começar a comprar ações.
- Analise a Empresa e Não o VALOR da Ação:
As pessoas querem fazer dinheiro rápido.
Em tempos de informação fácil mais desafiador se tornou filtrar todas essas informações e dicas que somos bombardeados nas redes sociais.
Literalmente qualquer um pode fornecer informações sobre investimentos mas como saber quais são os realmente qualificados para isso?
Entrar na sua conta e ver que uma certa ação de uma certa empresa cresceu 200% é algo bem corriqueiro, mas é preciso entender se essa empresa é segura, se ela é confiável e qual a pontuação dela no mercado.
A qual segmento esta companhia pertence? Este segmento sofre com variações na economia do país?
Você provavelmente usa produtos de marcas famosas como a Ambev ou a OI Telefonia, mas até onde conhecer a marca ou consumi-la é um fator de segurança para decidir alocar dinheiro nela?
Veja o exemplo abaixo da OI Telefonia que teve um valor de ação de R$ 17,50 em 2020 para apenas R$ 0,66 centavos em 2024, uma perda total do dinheiro investido.
O valor de uma ação é determinada pela compra e venda daqueles títulos que estão acontecendo naquele mesmo momento em que você acessou a sua conta, ele não representa a realidade daquela empresa e tampouco vai se manter naquele nível para sempre.
Então analisar ações apenas pelo valor atual é algo que você precisa evitar, e, em vez disso, começar a pesquisar mais sobre a empresa em si, o que ela tem feito para aumentar suas vendas, inovação, com quais processos ela está envolvida e o que a mídia e os clientes estão falando sobre ela.
É muito importante analisar os relatórios e balanços de resultados que todas essas firmam publicam em seus portais de Relacionamento com Investidores, ali é possível ver quanto essa empresa tem movimentado de caixa e resultado trimestral.
2. O Cenário Macro Importa
Uma empresa pode estar indo muito bem e o cenário econômico do país indo na contramão!
Quais são as expectativas de retomada da economia nos próximos anos?
Quais as previsões do nosso Produto Interno bruto? Inflação? Desemprego?
Algumas medidas podem afetar diretamente o desempenho dos negócios e você precisa ter sempre uma antena voltada para isso, entendendo o que vem sendo decidido na política econômica.
As empresas de varejo, por exemplo, são fortemente impactadas pela taxa de juros, pelo nível de renda e de emprego.
3. Aceite os Erros e APRENDA
Você vai errar.
Erramos e isso faz parte do aprendizado, algumas empresas acabam não tendo o desempenho que esperávamos, problemas e externalidades podem vir a acontecer mesmo no melhor dos cenários.
Lembra de 2020 e da Pandemia do COVID?
Não temos como prever isso.
Mas podemos fazer escolhas com a melhor informação que temos naquele momento e podemos usar dezenas de estratégias diferentes para não sentir tanto o peso desses possíveis erros.
Ter um controle e um acompanhamento regular é definitivamente uma ferramenta poderosa no aprendizado, você pode baixar a nossa planilha de Carteira de Investimentos clicando aqui ou aqui.
4. Diversifique
A chance de erro diminuí cada vez que diversificamos nossas escolhas de investimento.
Você não vai escolher apenas um setor produtivo, apenas um tipo de empresa, e investir todo mês na mesma coisa.
Haverá um leque de opções e oportunidades para explorar e quando você menos perceber terá uma carteira diversa e mais segura.
O Risco Existe e você Precisa Aprender a Conviver com ele
Nós vivemos em um modelo econômico capitalista e de livre mercado, ele por si só já vem com muitos riscos atrelados.
Os brasileiros que viveram o dia 16 de março de 1990 podem testemunhar isso de forma muito mais objetiva, uma vez que viram o governo congelar até 80% dos seus saldos na poupança, alguns levaram anos para conseguir recuperar apenas uma parte desse dinheiro.
O risco existe para qualquer pessoa, tenha ela dinheiro no banco ou debaixo do colchão.
Aumento nos preços, incompetência econômica, desastres naturais, desemprego em massa, sem contar os seus riscos pessoais: emergências familiares, perda do emprego, etc.
O que você precisa entender é que você já vive em um ambiente caracterizado pelo risco.
Isso não pode ser um impedimento para que você diversifique e fortaleça o seu capital pessoal.
Crie uma Carteira que Funcione para a sua Realidade
Quanto mais frágil é a sua renda então mais conservadora precisa ser a sua carteira.
Atuando de maneira responsável e com bastante pesquisa, você pode começar a diversificar e alocar dinheiro em ações, mas nunca perca o foco da sua realidade financeira.
Tenha sempre na ponta do lápis os seus gastos.
O controle financeiro é uma ferramenta chave para quem quer começar a investir, sem um controle dificilmente irá sobrar dinheiro para aplicar.
Se você nunca investiu antes e mal começou a formar o seu fundo de reserva, vale a pena ter mais paciência e esperar o momento certo para começar a diversificar.
A pressa é a pior inimiga de uma carteira de investimentos sólida.
Se você já sente que é o momento de buscar oportunidades mais lucrativas no mercado, então comece aplicando menos capital e vá crescendo aos poucos.
| Composição da Carteira | ||
| Poupança | 3.000,00 | 43% |
| Tesouro Direto | 3.000,00 | 43% |
| Ações | 1.000,00 | 14% |
| TOTAL | 7.000,00 |
Uma carteira de R$ 7.000,00 de uma pessoa que se considera frágil financeiramente pode ter até 15% dedicada a ações sem grandes prejuízos.
Mesmo não sendo a opção mais rentável no momento atual, a renda fixa ainda é a mais segura em um cenário onde você possa precisar resgatar o seu dinheiro o mais depressa possível.
O segredo é onde alocar esse dinheiro, quais ações comprar afinal?
Vai depender do que temos de melhor oportunidade no mercado, o que vem apresentando resultados fortes e provém de empresas sólidas, com bons níveis de governança corporativa e ética empresarial.
Especulação
Cuidado com os especuladores.
Muitos especialistas indicam papéis com promessas de alta nos preços em poucos meses mas nem sempre eles irão acertar.
Em 1973, um estudo feito nos EUA pelo professor da Universidade de Princeton, Burton Malkiel mostrou que se você colocar uma venda nos olhos de um macaco e fizer ele jogar dardos sobre páginas de um jornal de finanças, ele é capaz de escolher um portfólio mais rentável do que uma carteira de ações selecionada cuidadosamente por especialistas.
Sempre que eu divulgo algum papel promissor do mercado o faço de forma imparcial, informando qual fato gerou o potencial de oportunidade e sempre alertando o grau de risco envolvido, você pode lucrar X ou perder uma porcentagem X do valor inicial.
Geralmente as oportunidades surgem de acordo com algum acontecimento do mercado como fusões, compra da empresa por parte de outra empresa, alta no setor ou segmento, etc.
Foi o caso da fusão realizada em 2019 pelas administradoras de Shopping Center Sonae Sierra Brasil e Aliansce, leia um pouco mais do que aconteceu clicando aqui.
Então para sumarizar: preocupe-se mais em pesquisar sobre as empresas, conferir o desempenho histórico dos papéis e dar uma checada na realidade econômica do seu país, isso definitivamente levará ao sucesso dos seus investimentos.
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