Sem ficar dando voltas ao redor da lua para prender sua atenção já vou compartilhar logo de cara qual a lição: se planejar.
Se você chegou na terceira linha desse texto então você não faz parte da massiva maioria das pessoas que não enxerga a importância do planejamento na própria vida, e se você chegou na quinta linha é porque não sabe como fazê-lo de fato.
Essa não é a primeira crise que vivemos nas últimas décadas mas é certo que ela já é uma das mais graves entre todas que passamos desde então.
A gripe espanhola ceifou a vida de quase 10% da população mundial nos anos 1910, uma época onde as viagens internacionais e grandes migrações de pessoas não eram tão expressivas quanto são hoje.
Nós não vivemos mais naquele mundo onde podíamos acompanhar com alívio pela TV os acontecimentos trágicos em outros lugares do mundo, e você com certeza está percebendo isso agora.
Talvez no século passado podíamos olhar para epidemias e guerras em outros continentes com a certeza de que não seríamos afetados, mas agora no mundo globalizado os vírus migram com as pessoas, a crise do vizinho afeta o meu mercado e os problemas percorrem o planeta em efeito dominó.
São tempos de empatia e respeito às outras culturas e nações e quem não fizer parte desse pensamento não irá conseguir passar por esta e outras crises que virão.
O que de fato podemos aprender com essas crises?
Que precisamos estar preparados!
Não, não precisamos correr para comprar papel higiênico e máscaras cirúrgicas, precisamos aprender como nossa vida doméstica precisa estar pronta para enfrentar períodos difíceis.
Em um país capitalista ainda em desenvolvimento como o nosso, toda e qualquer crise impacta diretamente na economia. E quando isso acontece centenas de pessoas perdem seus trabalhos, empresas quebram, o mercado enxuga e como efeito cadeia o país para de crescer e leva muito tempo para ele se recuperar.
E mesmo estando em meio a uma economia tão frágil ainda não aprendemos a nos planejar.
Não posso ser hipócrita a ponto de ignorar que não temos um plano de distribuição de renda, de taxação à grandes fortunas ou investimentos maciços em educação, e tudo isso tem um custo: uma população empobrecida, sem educação e inapta em reagir às crises.
Não podemos nunca ser hipócritas de exigir educação financeira ou mentalidade de planejamento para uma população que não tem acesso ao mais básico.
Não podemos exigir igualdade entre uma elite que acessa as melhores instituições do país e do mundo, contra uma população que há apenas 200 anos vivia em situação de escravidão.
Tendo ressaltado a importância da distribuição da renda e evidenciado os problemas estruturais do nosso país em desenvolvimento, posso enfim falar sobre a importância do planejamento.
Mesmo que nunca passemos por crise externa alguma, você ainda é suscetível a passar por crises em sua vida: perder o emprego, sofrer um acidente, ser obrigado a se mudar, perder o apoio de alguém ou qualquer coisa relacionada.
Então mesmo que vivêssemos em um mundo livre de pandemias ou quebras de mercado você ainda teria muito com o que se preocupar!
É mais que tempo de você repensar seu consumo, repensar a forma como consome a sua renda, como a distribui domesticamente. É preciso que você entenda o que consome, o que é fixo em sua rotina e o que não é, o que realmente entra na sua conta, qual o valor exato que você dispõe.
É um discurso repetitivo em meus textos, mas é uma mentalidade que precisa ser criada para reforçar o objetivo de saúde financeira perante crises.
Não existe fórmula mágica.
Colocar na ponta do lápis os seus gastos fixos e variáveis, seus recebimentos e suas contas a prazo permite que você entenda quando é a hora certa de fechar a carteira.
Uma das teclas que mais insisto – isso com minhas próprias finanças inclusive, é ter em mente em que nível de endividamento você se encontra, ter sempre em mente o número fixo mensal do seu custo de vida.
Quando você analisa suas contas fixas e variáveis automaticamente você cria uma análise crítica sobre ela: posso conseguir um desconto nessa mensalidade? Estou mesmo pagando um aplicativo que nunca usei? Se as coisas apertarem seria prudente cancelar a assinatura da TV a cabo? Posso tentar conseguir um desconto no plano de internet?
São perguntas que vão surgindo automaticamente quando você começa a listar seu custo de vida.
A nova ordem mundial é globalizada e conectada, o corona vírus pode ter trazido um preço muito alto para nossas vidas e para nossa economia, mas decerto que ele trouxe só um aviso: ele não foi a primeira e não será a última crise desse mundo.
Aprenderemos a agir antes das crises afinal?
Eu realmente não sei opinar, mas sei de uma coisa: precisamos nos planejar para isso.
Grande abraço.