Todos nós temos uma opinião sobre a economia do país onde vivemos, expressamos nossa visão de mundo diariamente com nossos familiares, amigos, colegas ou nas redes sociais.
Essa capacidade de analisar o cenário econômico existe porque todos nós somos agentes econômicos ativos.
As pessoas que trabalham e recebem salário em troca de sua mão de obra, os pais que sustentam os filhos, as empresas que movimentam serviços, todos temos alguma participação nessa gigantesca teia de aranha que forma o nosso país.
Exatamente por esse motivo que as pessoas conseguem fazer análises econômicas sem ser economistas ou experts em números.
Uma amiga me falou uma vez: “o melhor economista que existe é a dona de casa”, e isso é uma verdade inquestionável, a dona de casa é quem sabe quantos centavos pagou a mais pelo leite este mês, deixando qualquer índice do IBGE para trás.
Para falarmos de cenário econômico precisamos conhecer uma série de indicadores que são usados para entender a temperatura e o desempenho da nossa produção.
PIB – Produto Interno Bruto
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país durante um período de tempo (1 ano), em valores monetários e de mercado.
Um prédio foi construído e venderam-se 50 apartamentos, essas transações entraram na conta do PIB daquele ano. No ano seguinte os 50 apartamentos foram revendidos para outros proprietários, as transações já não contarão mais para o PIB.
O PIN está relacionado com a atividade econômica do país de maneira clara e direta e representa a dinâmica econômica do lugar, apontando possibilidades de crescimento ou de declínio.
Podemos calcular o PIB de duas abordagens que chamaremos de óticas:
Ótica da Despesa: consumo das famílias, despesas do governo, investimentos, exportações e importações.
Ótica da Renda: salários, aluguéis, juros e dividendos.
Não são considerados no cálculo do PIB: bens intermediários (bens usados na produção de um bem final), serviços não remunerados, revendas e atividade do mercado informal (vendedores ambulantes, trabalhadores autônomos).
Cálculo PIB:
PIB (Y) = Consumo (C) + Investimentos (I) + (G) Despesa do Governo + ( Exportações (X) – Importações (M)
Índices de Inflação
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo: divulgado pelo IBGE busca medir a variação de preços de forma ampla, contemplando os gastos das famílias que possuam renda entre 01 e 40 salários mínimos (em 2024, R$ 1.412,00 a R$ 56.000).
IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado: calculado pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) é uma média ponderada de outros três índices, Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). É muito comum sua utilização como indexador para reajustes de contratos e aluguéis.
Taxa de Juros
Quando falamos em taxa de juros estamos falando sobre o custo do dinheiro.
Se dentro de um sistema financeiro os agentes emprestam e tomam dinheiro entre si, qual seria a motivação para que essas transações se concluíssem?
Para mim, não faria diferença emprestar dinheiro para alguém se a pessoa fosse me devolver a exata quantia que emprestei, eu fiquei sem o dinheiro por um período e ainda corri o risco da pessoa não conseguir me devolver, sem uma motivação eu não emprestaria e assim o sistema estaria estagnado e improdutivo.
Os juros remuneram o dinheiro, eu empresto uma quantia e recebo a mesma quantia acrescida de uma remuneração, calculada sobre uma taxa de juros.
Se o custo do dinheiro estiver baixo, os juros do país estarão baixos, isso significa que os agentes estarão mais motivados e tomar recurso, a fazer negócios e a expandir a economia.
Quando ocorre o contrário e os juros estão altos, então os agentes procuram não arriscar muito e nem participar de expansões de negócios.
No Brasil conhecemos a taxa de juros básica como SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia, ela remunera os títulos públicos e direciona as outras taxas do mercado. Ela é a indexadora de inúmeras operações no mercado financeiro.
Taxa de Juros Nominal: taxa que explicitamente se encontra expressa nos contratos, empréstimos, financiamentos e negociações, não considera nenhum desconto de inflação ou algum outro índice.
Taxa de Juros Real: é a taxa de juros nominal porém descontando a inflação do período.
Torna-se muito importante em finanças o conceito de desconto da inflação uma vez que ela corrói o real valor do dinheiro no tempo, se durante o ano a inflação foi de 5%, isso significa que uma nota de R$ 100,00 que ficou esquecida na sua carteira durante o ano hoje compraria apenas R$ 95,00 em comparação com o início do ano.
Taxa de Câmbio
O câmbio, falando de maneira simples, é o preço de uma moeda comparado com outra moeda, como por exemplo: real x dólar.
Quanto é necessário do dinheiro do meu país para comprar dinheiro em um país estrangeiro?
Taxa de Câmbio Spot: é para compra e venda imediata de dólares, é a taxa pela qual os participantes estão dispostos a pagar pela moeda estrangeira em determinado momento.
Taxa de Câmbio PTAX: é a média das cotações do dólar no mercado, calculada pelo Banco Central do Brasil.
Índice de Referência – Benchmark
No mercado financeiro o benchmark é usado para medir o desempenho de uma aplicação, a palavra em tradução livre significa: marca de referência.
Uma medida simples do retorno de cada investimento é comparar quanto cada aplicação teve de rentabilidade desde o momento do investimento, para conseguir uma métrica mais realista e criteriosa, é preciso que a avaliação do desempenho seja feita de forma relativa, comparando os produtos a algum indicador que tenha características de investimentos similares.
Vamos pensar em um exemplo, você compra um fundo imobiliário para a sua carteira de investimentos e quer saber se o desempenho dele está bom ou abaixo de outros fundos imobiliários, pegamos então o índice IFIX.
A sigla IFIX representa o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários, que visa refletir o desempenho médio das cotas dos FIIs negociados na B3, a bolsa de valores do Brasil. Esse índice é calculado com base em uma carteira teórica formada por FIIs que cumprem determinados critérios.
Ao comparar o desempenho do seu investimento com o IFIX será possível tomar algumas decisões de investimento, se amplia a sua carteira, se vende e etc.
Volatilidade
Não importa se estamos falando de finanças, investimentos ou da economia, o conceito de volatilidade é muito importante e está sempre presente nas tomadas de decisões que envolvem esses três universos.
Na economia os juros e os índices estão sujeitos a flutuações, a inflação altera-se de tempos em tempos, juros sobem e caem e as decisões dos agentes mudam todos os dias.
Nos investimentos os preços das ações, os valores de títulos e outros papéis também flutuam, eles seguem a marcação a mercado e portanto, estão sempre oscilando para cima e também para baixo.
Como nós conseguimos medir o risco de um investimento?
A medida do risco associado ao investimento em um ativo é justamente o grau de variação do seu preço de mercado.
Segunda a Anbima, volatilidade é o grau de variação dos preços de um ativo em um determinado período de tempo, medido pelo conceito estatístico de desvio-padrão dos retornos logarítimos, ou seja, medir quanto oscilam os retornos de um ativo e assim oferecer alguma informação sobre a quantidade de incerteza em relação às variações no valor desse ativo.
Analisar a volatilidade é uma forma de analisar o risco daquele investimento e é uma ferramenta útil para compor a sua estratégia de análise.
Prazo Médio Ponderado
É uma medida estatística que calcula o prazo médio de recebimento de uma carteira de investimentos.
As aplicações financeiras em renda fixa têm uma data de vencimento em que o valor principal deve ser realizado, é preciso utilizar medidas que levem em consideração a amortização periódicas do principal, e, ainda, os pagamentos de juros.
Calcular o prazo médio ponderado nos fornece uma medida de tempo para recebimento do investimento, o valor presente de cada fluxo de caixa. É igual ao somatório dos prazos médios ponderados dos títulos que compõe uma carteira, ponderados pelo peso que cada um deles representa na carteira.
Marcação a Mercado
Seus investimentos têm valores atualizados diariamente, com isso a marcação a mercado pode interferir nos resultados da sua carteira.
Trata-se de um processo de precificação diária e não depende do preço inicial do ativo.
Indica quanto você pode receber caso decida resgatar um investimento antes do vencimento.