Como a Copa do Mundo Movimenta uma Economia?

A Copa do Mundo de futebol organizada pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), é realizada de 4 em 4 anos em um país (ou conjunto de países) eleitos através de comissão interna.

Realizado desde 1930, o mundial adquiriu grandes proporções se tornando um dos eventos esportivos mais importantes do mundo.

Não somente os amantes do esporte tem suas vidas impactadas pelo torneio, mas também as regiões que os sediam e os países classificados em uma das vagas também sentem – em maior ou menor escala – seus impactos econômicos.

Quando falamos em maior ou menor escala, consideramos os países onde o futebol tem grande popularidade como o Brasil.

São nessas regiões de alta popularidade do esporte onde a economia sente diretamente os efeitos de uma copa do mundo.

Em pesquisa da Nielsen Sports, que mostra onde o futebol tem maior popularidade, o Brasil ocupou a 13º posição dentre os países avaliados, ficando as primeiras posições para o Emirado Árabes e Tailândia respectivamente.

No top 10 ainda aparecem Chile, Portugal e Turquia.

É comum que países busquem nos eventos esportivos objetivos como:

  • Atrair turistas;
  • Aquecer o varejo e a hotelaria;
  • Atrair atenção global;
  • Movimentar o setor financeiro.

O alcance dos eventos esportivos também podem ir ainda mais longe e trazer atenção política, como a aproximação dos Governos das Coreias durante os jogos de inverno em Seul.

Sem contar que muitos atletas em destaque conseguem levar histórias de seus locais de origem, revelando necessidade de atenção internacional em locais carentes.

O objetivo desse artigo é trazer um comparativo bruto dos últimos eventos realizados pela FIFA e qual foi seu impacto economicamente falando.

 

Copa do Mundo – Brasil 2014

A copa de 2014 aconteceu em um momento onde muita coisa mudava no Brasil.

Pipocava um descontentamento geral em relação ao governo, e isso era somente a ponta de uma crise econômica e política que viria com muita força nos anos seguintes.

O ano de 2013 acendeu um debate até então adormecido desde que o Brasil foi escolhido como país sede da copa, o dos gastos públicos mal direcionados e da sensação de injustiça por estarmos investindo em uma copa do mundo ao invés de fazer investimentos para as áreas de saúde e educação.

O custo do capital é maior em países em
desenvolvimento, ou seja, dinheiro gasto no evento representa dinheiro não gasto
em outras áreas, tal como o sistema de saúde. No entanto, nesses países os salários
são relativamente baixos, possibilitando certa redução nos custos operacionais e de
infraestrutura. – (Domingues, Junior e Magalhães – 2011).

Impossível não lembrar a infeliz frase do ex-jogador Ronaldo: “não se faz copa do mundo com hospitais”.

Estima-se que a iniciativa privada tenha arcado com até 20% do capital empregado nas obras, sendo a maior parte aplicada pelo Estado.

Podemos resumir os principais acontecimentos da pré-copa em:

  • Manifestações (inicialmente) apartidárias nas principais capitais;
  • Manifestações de grande proporção contra o aumento da tarifa do transporte;
  • Manifestações e pressão da oposição para o Impeachment da presidente Dilma Roussef;
  • Escândalos e esquemas de corrupção nas obras;

A recessão só estava começando e foi sentida por todos os setores e classes do país nos anos seguintes.

Esse cenário contribuiu para um certo desinteresse do brasileiro pelo mundial de futebol, que sempre paralisou grande parte do país.

O Legado da Copa e os Atrasos – Obras de Infraestrutura

Grandes obras foram motivadas pela chegada do evento no país e o que já deveria ter sido feito a muito tempo começou a tomar forma nas capitais.

Podemos citar algumas importantes obras:

  • Novo terminal aéreo do aeroporto de Guarulhos na cidade de São Paulo.
  • Aeroporto Internacional do Recife.
  • Aeroporto Internacional Afonso Penha no Paraná.
  • Linha 17 Ouro do monotrilho de São Paulo.

São extensas as linhas de mobilidade urbana como novos corredores de ônibus, linhas de trem e metrô, aeroportos e estádios, bem como obras de ampliação e melhoria em estradas e aeroportos já existentes.

Toda essa lista de obras prometidas foram perdendo popularidade para os atrasos, paralisações e denúncias de superfaturamento.

Grande parte da lista de obras ainda não foram entregues anos depois.

De qualquer forma, são obras de infraestrutura que precisavam ser iniciadas e que caso finalizadas, irão ajudar no fortalecimento urbano das regiões onde estão localizadas.

O Impacto Durante o Mundial

No período em que o mundial ocorre, mesmo não sendo um país sede, o Brasil sente uma grande diferença em certas áreas da economia.

A demanda de eletrônicos e alimentação tem uma alta muito acima da média em períodos de copa do mundo, uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC divulgou que 60 milhões de brasileiros irão consumir algum produto devido ao mundial, de carne e cerveja à televisores e decoração temática.

Isso sem contar os bares e restaurantes que se preparam para receber torcedores e aumentar seu faturamento nos dias de jogos.

Mas nem sempre isso é um fato positivo, a Fecomércio aponta que os centros comerciais ficam vazios nos dias de jogos, os varejistas que não comercializam produtos ligados a copa sofrem prejuízos pela falta de movimento. Lojas, shoppings e centros comerciais costumam fechar durante os jogos, dependendo do horário e dia podem nem reabrir mais.

A grande maioria das empresas também fecha durante os jogos, isso causa uma paralisação de forma geral nas atividades produtivas de todos os setores.

Durante a copa de 2014, a indústria registrou quedas em comparação com meses típicos e já era esperado por empresas de diversas áreas.

Tudo gira em torno de quem pode aproveitar o mundial para vender mais, e quem não pode e precisa se planejar para não sofrer prejuízos.

Os Elefantes Brancos

Estádios e arenas de grande porte construídos para a copa do mundo encontram-se abandonados ou com baixa aderência de eventos esportivos nas regiões em que se encontram.

A BBC publicou um artigo em que estima em 10 milhões os prejuízos dos estádios batizados de elefantes brancos.

São eles:

  • Arena Pantanal em Cuiabá
  • Estádio Mané Garrincha em Brasília
  • Arena da Amazônia em Manaus

As arenas por serem de grande porte não conseguem arrecadar fundos suficientes para sua manutenção com os eventos regionais que atraem poucos torcedores. Gerando um deficit para serem mantidas funcionando.

Copa da Rússia

O Banco Central da Rússia acredita que o mundial de 2018 irá aquecer as áreas de comércio e serviços nas regiões onde a copa foi recebida.

Apesar de confirmar que a inflação pode disparar após o encerramento do mundial, o Banco Central russo acredita nos efeitos positivos da copa, como criação de empregos.

O presidente Vladimir Putin espera revigorar áreas estagnadas economicamente com a realização do mundial.

No Brasil mais uma vez os varejistas da área de eletrônicos, bebidas, decorações temáticas, bares e restaurantes, tem desfrutado das altas nas vendas e aproveitam para fortalecer seus negócios durante a copa.

A seleção brasileira foi eliminada nas quartas de final contra a Bélgica, mas a lição que o mundial deixa a cada 4 anos é muito importante para entendermos nossa própria economia de sazonalidades, e como ganhar – ou perder, com ela.

Bibliografia e Referências:

Reuters PT

FIFA

BBC

BBC

IDEC.Org

Globo

Impactos Econômicos dos Investimentos da Copa do Mundo 2014 no Brasil