Você descobre uma loja que vende Iphones originais por metade do preço.
Daí você têm a ideia de comprar alguns destes aparelhos e revendê-los conseguindo um lucro excelente.
Infelizmente você não possui dinheiro suficiente para adquirir os aparelhos, então, você decide chamar alguns amigos e oferecer a eles uma parcela do lucro em troca de eles te emprestarem o dinheiro que falta para comprar os aparelhos.
Eles te enviam o dinheiro, você compra os telefones por um preço excelente, os revende por um preço maior, devolve o dinheiro que seus amigos te emprestaram com uma quantia a mais em remuneração pelo empréstimo.
É assim que funciona um fundo de investimento.
Fundos de Investimentos são produtos do mercado financeiro utilizados para formar poupança, podem ser adquiridos por qualquer investidor, experiente ou iniciante. Assim como as ações, os fundos de investimentos podem ser compostos por diferentes segmentos, empresas e tipos de títulos, o que os torna uma ferramenta excelente de diversificação e incremento de carteira.
Juridicamente falando, podemos pensar os Fundos de Investimentos como condomínios, pois são uma comunhão de recursos originários de diversos investidores – os cotistas. O fundo tem CNPJ próprio e administração, e cada cotista é proprietário de uma parcela de seu patrimônio.
Cotas são a menor fração do patrimônio do fundo, e podem ser adquiridas pelos investidores no mercado financeiro.
Diferente da renda fixa, os fundos não possuem rentabilidade previsível e estão sujeitos a marcação do mercado, em outras palavras: não estão livres de risco.
Quando você busca produtos de investimento no mercado é porque almeja garantir uma boa rentabilidade e fazer seu dinheiro render o máximo possível, em troca de maior rentabilidade você precisa, naturalmente, aceitar um a possibilidade maior de ter prejuízo ou não ter de volta a rentabilidade que esperava.
Riscos
Risco de Liquidez
Vamos imaginar que você comprou dois iphones 15, lacrados e com nota fiscal.
Você terá em mãos um equivalente a R$ 10.000,00 em produtos.
Porém você já havia adquirido um telefone similar e está completamente confortável com ele, então você decide colocar os dois iphones para venda.
Digamos que 03 semanas se passaram e você não conseguiu vender os telefones, e em uma semana vai precisar fazer um conserto no seu veículo e não tem o dinheiro para pagar.
O risco de liquidez funciona exatamente assim, você têm 10 mil reais em produtos porém não consegue convertê-los em dinheiro para poder pagar o conserto do carro.
Risco de Crédito
O risco de crédito existe em qualquer situação que exija uma contratação/pagamento a um prazo que não seja a vista. Qualquer operação que seja realizada na base da confiança.
Existe a probabilidade de não conseguir quitar o valor devido, ou então não conseguir quitar o total do valor devido (pagando-se apenas uma parte dele).
Caracteriza-se também o risco de crédito quando o devedor atrasa o dia do pagamento combinado, podendo causar um desequilíbrio nas contas do credor.
Risco de Mercado
Vamos usar aqui novamente o exemplo dos dois iphones que você está vendendo, hoje o preço de mercado deles gira em torno de R$ 5.000,00.
Vamos imaginar que o governo lança um incentivo para fomentar o consumo dos mercados de eletrônicos e telefonia, fazendo com que as empresas consigam baixar preços.
Algumas lojas passam a ofertar o mesmo telefone que você está vendendo por um preço muito menor, R$ 4.000,00, tornando a sua venda mais difícil de se realizar ou te obrigando a baixar o preço.
Assim como tudo na nossa economia, um fundo de investimentos está totalmente suscetível ao cenário macroeconômico, as taxas de juros e a demanda/renda dos consumidores.
Hoje no mercado temos duas estruturas de fundos:
FUNDO DE INVESTIMENTOS (FI): aplica seu patrimônio diretamente em ativos disponíveis no mercado financeiro, como ações, tesouro direto, títulos de empresas privadas, derivativos e mercado de opções. São dedicados a grandes instituições como bancos e seguradoras, mas podem ser adquiridos por outros fundos de investimentos.
FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS (FIC): é mais atrativo por abranger todos os tipos e portes de investidores, é uma opção excelente em tempos de juros baixos. Estes fundos precisam investir até 95% do seu patrimônio em cotas de outros fundos de uma mesma classe.
Os Fundos Abertos não possuem uma data de vencimento estipulada, o investidor pode aplicar ou resgatar os recursos quando quiser, nos Fundos Fechados existe um período determinado onde o investidor pode entrar ou sair.
Apreçamento
Mais conhecido como: marcação a mercado.
É quando se atualiza o valor dos ativos que compõe o fundo para o valor presente, em determinado dia.
Se meu iphone que comprei barato para revender valia R$ 5.000,00 em janeiro, em junho pode estar valendo R$ 4.000,00.
O apreçamento garante que o investidor pague o preço justo em sua cota, e receba um valor justo quando fizer o resgate dos investimentos. Assim se obtém mais transparência nas informações e desempenho do fundo, uma vez que ele refletirá a real posição dos ativos que o compõe naquele período de tempo.
Cálculo do Valor da Cota
Um fundo assim como um condomínio acaba tendo diversas despesas que são necessárias para a sua operacionalização, podemos citar:
- Custos de auditoria: Para verificação das demonstrações financeiras do fundo;
- Custos de custódia: Pagos ao custodiante que guarda os ativos do fundo;
- Custos de corretagem: Associados à compra e venda de ativos;
- Despesas de distribuição: Para cobrir os custos de comercialização do fundo, como comissões pagas a distribuidores e agentes autônomos;
- Taxas de serviços financeiros: Incluem honorários legais, de consultoria e outros serviços profissionais.
As cotas de um fundo de investimentos não podem responder por dívidas ou passivos do próprio fundo, salvo se o regulamento do fundo não limitar a responsabilidade do cotista.
Administrador do Fundo
Trata-se da empresa que cuida dos assuntos gerais relacionados ao fundo. É quem irá constituir o fundo e será o responsável legal autorizado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Gestor do Fundo
O gestor é o responsável pelas decisões de investimento do fundo, que irá operar as compras e vendas de ativos respeitando o regulamento e os objetivos definidos. O gestor é quem responde pela gestão do risco e também pela gestão da liquidez.
Custodiante
Instituição intermediária contratada pelo administrador do fundo que faz a guarda dos ativos, além de executar e operacionalizar as movimentações financeiras.
Auditor Independente
Deverá analisar as demonstrações contábeis anualmente, para que sejam registradas na CVM.
Distribuidor
Intermediário contratado pelo administrador em nome do fundo para realizar a distribuição das cotas, responsável por vender as cotas aos investidores. Agente com contato direto com o cotista, responsável pelo procedimento de suitability (avaliação de risco de acordo com o perfil do investidor, ofertando produtos adequados ao perfil).
Taxas e Custos
Taxa de Administração: é a taxa que será descontada da cota de cada um dos investidores, este recurso é dedicado a administração do fundo. Assim como um condomínio possui diversos custos como funcionários, material de manutenção e prestadores de serviços, um fundo também contrata diversas despesas operacionais para se manter funcionando. Importante salientar que a taxa de administração independe dos rendimentos e do desempenho do fundo, mesmo que esteja em situação de prejuízo a taxa ainda será devida e descontada dos cotistas.
Taxa de Ingresso: alguns fundos podem cobrar taxa de entrada do cotista, fundos exclusivos ou de alta performance são exemplos onde pode acontecer cobrança de entrada.
Taxa de Saída: taxa cobrada quando o cotista deixa o fundo, pode ser cobrada tanto em um resgate parcial quanto em um resgate total por parte do investidor. Assim como a taxa de ingresso não costuma ser prática comum no mercado.
Taxa de Performance: vamos supor que você tenha adquirido um fundo de um grande banco, esse fundo foi composto com ativos das empresas mais negociadas na bolsa de valores, então ele irá acompanhar um índice, como por exemplo, o IBXX. O IBXX, também conhecido como Índice Brasil 100 (IBrX-100), é um índice da bolsa de valores brasileira que reúne as 100 ações mais negociadas e com maior volume financeiro na B3.
Se a rentabilidade deste fundo superar o indíce IBXX então haverá a cobrança de taxa de performance.
Fundo Alavancado
Alavancagem no mercado financeiro é o uso de recursos emprestados para aumentar a capacidade de investimento. Ao utilizar alavancagem, investidores podem amplificar os ganhos potenciais, mas também os riscos e as perdas. É uma estratégia comum em operações de trading, onde pequenas variações de preço podem resultar em grandes lucros ou prejuízos. A alavancagem é medida como uma relação entre o capital próprio e o capital total investido. Instrumentos como derivativos, opções e margens são frequentemente usados para alavancar posições.
Um fundo alavancado existirá sempre que possibilidade de prejuízo for maior que o próprio patrimônio do fundo.
O principal ganho com a alavancagem é obter rendimentos superiores, aceitando que tal estratégia aumenta o risco.
Tipos de Fundos
Agrupamos os fundos de investimentos de acordo com seu tipo, isso facilita a construção de índices e análise de rentabilidade, também permite que os produtos atinjam um maior número de investidores já que teremos diferentes níveis de risco e de ativos.
Fundo de Renda Fixa: aplica 80% do patrimônio em títulos de renda fixa prefixados ou pós fixados. Podem possuir proteção de instrumentos de hedge (derivativos).
Fundo de Ações: aplica ao mínimo 67% de seu patrimônio em ações na bolsa de valores, alguns fundos objetivam acompanhar algum índice do mercado acionário. Estes fundos são totalmente suscetíveis a oscilação do mercado de renda variável.
Fundo Multimercado: são os mais populares e combinam ativos de renda fixa com ações, câmbio e outros tipos no mercado. Acabam sendo mais dinâmicos e com risco menor.
Fundo Cambial: aplica ao mínimo 80% de seu patrimônio em ativos relacionados à variação de preços de moeda estrangeira ou de taxa de juros.
Assembleia de Cotistas
É a instância máxima para aprovação de decisões relacionadas ao fundo, tem total autonomia para aprovar ou recusar sobre assuntos de fora da alçada do administrador e do gestor.
Nas assembleias são deliberados sobre:
- Demonstrações Contábeis;
- Substituição de Administrador;
- Fusões ou Incorporações;
- Aumento de taxa de administração;
- Política de Investimentos do fundo;
- Emissão de novas cotas, no caso de fundos fechados;
- Amortização e resgate compulsório de cotas que não estejam previstas em regulamento;
- Alterações no regulamento.
Segregação
Tanto o caixa do fundo quanto os ativos do fundo são propriedade do próprio fundo, e são segregados, portanto, do gestor e do administrador.
A separação da administração dos recursos de terceiros das demais operações da instituição financeira são conhecidas como barreira de informação.
Isso existe para impedir que informações privilegiadas e sigilosas vazem entre diferentes setores da instituição, e também garantir que o capital do fundo de investimento seja gerido apartado do capital da instituição que o administra.
Concluindo, os fundos de investimentos representam uma opção diversificada e acessível para investidores de todos os perfis. Ao reunir recursos de vários investidores, eles permitem o acesso a uma variedade de ativos e estratégias que, individualmente, poderiam ser inacessíveis. No entanto, é essencial que os investidores compreendam os riscos e custos envolvidos, além de escolherem fundos que estejam alinhados com seus objetivos financeiros.
Com uma gestão profissional e diversificação, os fundos de investimentos podem ser uma peça chave na construção de um portfólio robusto e eficiente. Em suma, a escolha criteriosa e o acompanhamento constante são fundamentais para maximizar os benefícios dessa modalidade de investimento.